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Memória: 30 anos de jornalismo na fronteira - O “jornalzinho” da escola (3)

O “jornalzinho” da escola (3)

19/07/2024 às 16h46 Atualizada em 19/07/2024 às 16h49
Por: Redação Fonte: Carlos Monfort
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Memória: 30 anos de jornalismo na fronteira - O “jornalzinho” da escola (3)

Antes de incursionar oficialmente na lida jornalística, o jornalzinho da escola foi muito desafiador.

Chamava-se sob nossa colaboração o “Jornalzinho do São José”, numa alusão à Escola Paroquial de 1º e 2º Graus “São José”, já extinta, mas cujas edificações permanecem nos mesmos lugares – rua Tiradentes e Avenida Brasil.

A dona Labibe Esther Esgaib Kayatt, enquanto diretora da instituição, foi nossa mentora, apoiadora e mais do que isso, incentivadora.

Além de autorizar sua confecção e circulação no ambiente escolar, “Tia” Labibe dava sugestões e dicas de pauta, além de indicar alguns patrocinadores para nossa aventura jornalística.

A seção de “Recadinhos” era a mais procurada e ocupava um bom espaço em nosso periódico, que salvo engano circulava a cada 15 dias.

As cartas eram deixadas em caixas colocadas no interior da escola, próximo da cantina e algumas espalhadas pelos corredores.

Talvez esses foram os primeiros passos para o futuro no jornalismo posteriormente.

Já circulava nas veias o sangue atrelado com as letras.

Na nossa passagem pelo curso de Administração ainda na Fap, no diretório acadêmico chegamos a nos aventurar com espécie de revista com tudo e mais um pouco que acontecia na faculdade.

Mas o projeto não foi adiante devido aos compromissos com a vida fora da faculdade.

Relembrar essa passagem me faz recordar o início do curso de Comunicação Social com ênfase em jornalismo na antiga Socigran, hoje Unigran.

Já tínhamos alguns anos de lida quando resolvi viver e se aventurar no curso para melhorar, qualificar e sobretudo, buscar aperfeiçoamento na área.

E me recordo como se fosse hoje o primeiro relato do professor que inaugurou nossas aulas.

Conta ele que estagiário recém chegado à redação de jornal recebeu a missão de cobrir a visita que o presidente da República faria à cidade no dia seguinte.

Passada as instruções mais relevantes para o candidato a jornalista não perder nenhum lance – pois seguiria sozinho na missão – o chefe de redação passa também as perguntas a serem feitas ao Chefe do Executivo da Nação.

Pois bem.

Prancheta, papel e caneta na mão lá se vai o estagiário para sua missão no aeroporto, onde aguardava diante de uma pequena multidão a chegada do avião presidencial.

Mas, eis que um fator surpresa muda totalmente o ´script´ da pauta.

Ao preparar para pousar o avião sofre uma pane, desliza na pista e explode ao capotar.

Pânico total, pessoas correndo, o desespero tomou conta.

Cabisbaixo, o jovem aprendiz de jornalista deixa o aeroporto e segue para a redação, onde chega triste.

Ao ser questionado como foi, pois naquela época não existia “zap zap” para a comunicação imediata, ele conta que não conseguiu entrevistar o presidente da República, pois o avião sofreu um acidente e explodiu na pista durante o pouso.

Nenhum registro fotográfico, nenhum detalhe anotado, nada, nada e nada de material.

Pois a missão do jovem era outra e o curso da pauta não foi cumprida conforme a missão dada.

Conclusão: ele resolveu mudar de profissão, pois o jornalismo é aguçar os instintos e adaptar-se a cada novo segundo do cotidiano e novo lance da pauta.

O relato foi um exemplo dado pelo mestre do curso de Comunicação Social para demonstrar que muitas vezes o jornalista sai a campo com uma pauta, mas no meio do caminho acontece algo que ele é obrigado a parar e apurar para também divulgar em, sendo necessário, mudar a pauta.

Aqui pela fronteira, certo período o setor madeireiro em Pedro Juan Caballero enfrentava uma crise sem precedentes.

Corria o final da década de 90.

Demissão em massa, empresas falindo, caos total no setor.

De 10 madeireiras, 9 estavam fechando nesse tempo.

Fomos à campo com a missão de apurar o que estava ocorrendo. Chegou à redação do Jornal da Praça informação de que em meio à forte crise, uma empresa sobressaía e estava contratando todos os trabalhadores demitidos do setor.

Então, recebemos a missão de apurar o segredo dessa madeireira, situada à época às margens da Ruta V, próxima onde hoje funciona o posto futurista.

E chegando, fomos recebidos pelo gerente que ao ser questionado sobre o crescimento da empresa diante da tamanha crise assolando o setor, eis que ele informa que a exportação de madeiras para a Europa dava fôlego suficiente para a sobrevivência e mais ainda, possibilitava investimentos.

Mês a mês a madeireira – cujo nome não me recordo – exportava a madeira bruta e também a trabalhada, dentro de um alto nível de qualidade.

E a empresa cumpria todas as exigências ambientais vigentes à época no Paraguai, credenciando para a exportação para a Europa.

Esse material teve muita repercussão, inclusive sendo pauta da mídia nacional nos dois lados da nossa fronteira.

 

Carlos Monfort

Mtb MS 144

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