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Memória: 30 anos de jornalismo na fronteira - O início de tudo (parte 1)

O início de tudo (parte 1)

13/06/2024 às 07h42
Por: Redação Fonte: Carlos Monfort
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Memória: 30 anos de jornalismo na fronteira - O início de tudo (parte 1)

Não são 30 minutos, tampouco 30 horas, nem 30 dias.

Mas, 30 anos!

Em setembro, estaremos completando 360 meses de atividade ininterrupta no jornalismo na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

E as experiências são inúmeras, gigantescas. Não na grandeza, mas na essência.

O objetivo não é enaltecer o individual, mas sim mostrar à geração mais nova detalhes do trabalho sem a tecnologia, quando tudo era mais moroso, mais trabalhoso e não tão rápido como acontece nos dias atuais.

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Fazer jornalismo já é um desafio e fazê-lo em uma região de fronteira seca tem seus acréscimos de adrenalina, zelo e sobretudo, saber o solo em que se pisa no sentido mais concreto.

Vamos iniciar uma série de artigos para além de comemorar, relembrar fatos, ações, passagens e a experiência – positiva, negativa, dissabores - nesses 30 anos de profissão.

Fazer um paralelo entre o jornalismo de outrora dessas três décadas – e até antes disso – e o que é hoje essa profissão tão apaixonante com o advento da tecnologia e do imediatismo na notícia.

Muita coisa – mas muita coisa mesmo - mudou em termos de jornalismo.

Os “jurássicos” na profissão (e me incluo nessa “categoria”) sabem bem do que estou falando.

Iniciei a caminhar na profissão no início da década de 90, mas considero que exatamente no dia 08 de setembro de 1994 comecei a carreira, a convite de um amigo que já não está mais entre nós, Prudêncio Campos, então editor de Polícia do Jornal O Progresso, de Dourados.

Conheci Prudêncio quando ainda trabalhava em uma empresa locatária de veículos, em Dourados.

Nas ocasiões em que a empresa jornalística locava veículo, Prudêncio e seu fiel escudeiro no volante (não me recordo o nome) eram os que ou iam buscar o carro na agência ou então eu ia entregar na sede do jornal.

E com o passar do tempo fomos construindo uma amizade saudável.

Eu já tinha alguns artigos escritos e guardados na gaveta. E já havia tentado “emplacar” um no jornal, mas não deu certo.

Um dia, tomado de coragem repentina, perguntei ao Prudêncio como poderia ter um artigo publicado no jornal O Progresso, naquela época um dos mais fortes senão o mais forte jornal diário do interior do Estado.

Ele, com seu jeitão seco e direto ao assunto, disse: “me entrega datilografado e deixa comigo”.

Para os mais novos de idade entenderem.

Naquela época a tecnologia ainda gatinhava. Internet só via discagem telefônica; e-mail, por consequência, nem todos tinham acesso.

Então, era tudo datilografado na máquina ou no computador para quem tinha.

Pois bem. Passados uns dois dias, Prudêncio liga na locadora e pede para falar comigo.

“Ô Carlos (voz rouca e grossa), o negócio é o seguinte: fiz algumas pequenas alterações em seu texto, mas nada que modifique sua mensagem. Tá bom! Amanhã sai no jornal” avisou ele, despedindo-se e desligando.

A partir daquele momento, minha adrenalina foi a mil. Passou uma semana, mas o dia seguinte durou uma eternidade para chegar.

Como a empresa em que eu trabalhava era assinante do jornal, nem precisa dizer que antes do nascer do sol já estava sentado na minha mesa aguardando o entregador.

Não demorou muito e o exemplar do dia foi posto debaixo da porta principal. Era 05 de março de 1993.

Abri a página 2 – destinada aos artigos – e em primeiro plano estava meu artigo “O Brasil para os jovens ainda está distante”. Com imagem da bandeira brasileira em preto e branco.

Quando o relógio marcou oito horas fui até uma banca, comprei um exemplar e fui até a sede do jornal, que ficava a duas quadras de onde eu trabalhava.

Minha intenção era agradecer ao Prudêncio, mas o expediente dele começava as 14h.

Já à noite, passei no jornal e minha primeira paixão pela profissão foi  longe da redação, mas na oficina ao ver e ouvir a máquina impressora funcionando e expelindo folhas e folhas que entravam limpa e saiam cheia de letras e imagens do outro lado.

Fiquei por alguns minutos extasiado. Vibrante. Emocionado. Alguém bateu a mão no meu ombro e disse: está gostando!?

O Prudêncio nessa hora estava em um botequim próximo do jornal degustando uma ´gelada´ para “afinar o sangue”, como dizia.

Depois disso, escrevi vários e vários artigos e passei a entrega-los direto ao chefe de redação, Vander Verão, alguém que também me deu muita orientação para melhorar o texto.

Assim foi a porta de entrada para o jornalismo.

Este primeiro episódio da série “Memória: 30 anos de jornalismo na fronteira” me faz recordar quando a fita da máquina de datilografia emperrava ou soltava as letrinhas e as vezes em que não tinha papel sulfite e ia até a escola “Adê Marques” pedir umas folhas para conseguir escrever pois não tinha à disposição.

 

 

Carlos Monfort

Jornalista (Mtb MS 144)

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