O falecimento do piloto civil Nélio Alves de Oliveira, 72 anos, ocorrido no fim de semana, fecha o ciclo de uma passagem histórica na política pontaporanense.
Ao lado de Carlos Furtado Fróes (in memoriam), Nélio Alves foi personagem da união política entre dois grupos antagônicos e ferrenhos adversários nas décadas de 70, 80 e 90 em Ponta Porã.
Nas eleições municipais de 1988, Carlos Fróes, então no extinto PMDB (hoje MDB) e Nélio Alves no também extinto PFL (que virou DEM) até chegar na atual denominação União Brasil, formaram a chapa única como prefeito e vice para disputar a sucessão municipal naquele ano.
Essa união marcou a ´bandeira branca´ entre os grupos políticos liderados pelo senador Rachid Saldanha Derzi (in memoriam) e Fahd Jamil, que detiveram a hegemonia política em Ponta Porã durante décadas.
Nélio Alves de Oliveira foi vereador de Ponta Porã entre 1981 e 1984 e, em 1988, foi eleito vice-prefeito na chapa de Carlos Fróes.
Era o político de confiança dos Jamil em Ponta Porã.
Já Carlos Fróes, falecido em janeiro de 2018, era o político ligado ao grupo liderado por Rachid Saldanha Derzi, a quem sempre foi fiel.
Naquele pleito, Carlos Fróes era dono da preferência popular e na eleição anterior, em 1985, houve uma acirrada disputa entre os grupos de Saldanha Derzi e Fahd Jamil, quando Aires Marques venceu o médico Astúrio Marques, em um dos embates históricos das eleições municipais em Ponta Porã.
No pleito seguinte, uma articulação política desenhada a quatro mãos possibilitou a formação de uma chapa, tendo a indicação do candidato a prefeito do grupo de Derzi, enquanto coube nessa formatação a vaga de vice ao grupo dos Jamil Georges.
A união levou à formação de chapa única para a disputa da eleição, e houve abstenção recorde de eleitores que não foram votar e os que foram, quase a maioria reprova a chapa de Carlos Fróes e Nélio Alves de Oliveira.
A chapa de Carlos Fróes e Nélio Alves obteve 16.001 votos, enquanto os votos nulos/brancos somaram 13.475, ou seja, uma diferença de apenas 2.526 votos para que a chapa única fosse reprovada nas urnas.
Na Câmara de Municipal, formada por 13 vereadores naquela época, o PMDB fez 9 vereadores, enquanto o PFL elegeu apenas 4.
Naquela eleição foram eleitos, pela ordem de votação, José Carlos Monteiro (PFL), Hosne Esgaib (PFL), Hélio Peluffo Filho (PMDB), Nestor Loureiro Marques(PMDB), Bruno Alberto ReichardT (PMDB), Ade Azevedo Silva (PMDB), Jaime Bataclin De Souza (PMDB), Jose Ivolim Monteiro AlmeidA (PFL),
Osmar De Matos (PMDB), Landolfo Antunes Fernandes (PMDB), Antonio Floro Brizuena (PMDB), Nilson Martins Peixoto (PMDB) e Marcio Antonio da Cruz (PFL).
Os primeiros dois anos do mandato o presidente foi José Carlos Monteiro, do grupo dos Jamil, cabendo os outros dois anos a Hélio Peluffo Filho, ligado ao grupo dos Derzi, alternando o comando do Legislativo municipal.
Foi o único pleito em que esses grupos antagônicos uniram-se, formando chapa para a eleição municipal de 1988.
Nos próximos pleitos – 1992 (vencida por Oscar Goldoni dos Jamil), 1996 (vencida por Carlos Fróes dos Derzi), 2000 (eleito Vagner Piantoni dos Jamil) houve acirrada e ferrenha disputa.
Já em 2004, a eleição foi ganha por Flávio Kayatt, que sempre enfrentou esses grupos e acabou formando sua própria liderança, alheia ao comando local enraizada na política pontaporanense durante muitos anos.
Carlos Fróes continuou na política, voltando a ser prefeito em 1996. Depois, tentou voltar à Câmara de Vereadores, mas não obteve êxito.
Já Nélio Alves de Oliveira abandonou a política logo após cumprir o mandato de vice-prefeito, passando a desempenhar apenas a função de piloto civil.
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